Tiago Reis, para o Procel Info
Pernambuco – De projeto que começou de forma embrionária, em 2009, a um dos maiores sucessos em transporte público em grandes cidades. É dessa forma que o Grupo Serttel se consolidou num mercado, até então pouco explorado. Com soluções inovadoras, a empresa conseguiu aliar em um só produto lazer, transporte, sustentabilidade e energia limpa. A rede de alugueis de bicicleta mantida pela empresa pernambucana em 14 cidades do Brasil e Argentina, virou sinônimo transporte rápido e preocupação com o meio ambiente.
Iniciado em 2009, na cidade do Rio de Janeiro, o projeto de compartilhamento de bicicletas sempre visou manter a sua preocupação com a sustentabilidade. Desde aquela época, as estações, que hoje chegam a 690, foram projetadas para gerar a própria energia que consome. Por meio de painéis solares, instalados nas proximidades das estações, a energia é gerada e armazenada em baterias para o funcionamento noturno do sistema, que opera 24 horas por dia.
Segundo o diretor de tecnologia da Serttel, Alberto van Drunen, as estações foram concebidas para ter o menor consumo de energia possível. Ele revela que toda a tecnologia utilizada na concepção das bicicletas, estações, gestão de energia e os sistemas de automação e controle operacional foram desenvolvidos pelo grupo.
Drunen esclarece que o consumo de cada estação é de cerca de 10 kWh por mês, sendo que toda a energia utilizada é proveniente dos paineis solares, sem necessidade de comprar a energia disponibilizada pelas distribuidoras.
“Nosso projeto previu um consumo bem pequeno que viabilizou o uso de painéis solares. Como nossa estação consome pouco menos que 10kwh/mês, a energia produzida é acumulada em baterias e usadas na própria estação, o que permite toda a operação noturna”, ressalta Drunen.
Atualmente, o projeto está operando nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Porto Alegre, Brasília, Belo Horizonte, Salvador, Fortaleza, Santos, Sorocaba, Aracajú e Petrolina, sempre em parceria com o poder público municipal. Devido a boa aceitação no mercado brasileiro, o sistema já começa a ser implantado em outros países. Buenos Aires e Rosário, na Argentina, manifestaram interesse e desde março o sistema opera de maneira experimental nas duas cidades.
Mesmo com o rápido sucesso entre a população, Alberto van Drunen revela que, no Brasil, o financiamento para projetos voltados para a área de sustentabilidade e inovação na área energética ainda são muito restritos, mesmo com esses dois temas ocupando uma posição de destaque nos últimos anos. Com exceção do patrocínio de um grande banco e de apoiadores regionais, são poucas as linhas de financiamento disponíveis para o setor.
“Nós entendemos que o mercado de soluções sustentáveis para a mobilidade é uma tendência irreversível e por isso nossa estratégia é buscar este mercado com soluções inovadoras e focadas na nossa realidade. Não existem incentivos específicos para este segmento, mas buscamos nas fontes de fomento e apoio ao desenvolvimento tecnológico como FINEP, BNDES, sempre que possível, nos enquadrarmos em potenciais fontes de recursos ou financiamentos para projetos de P&D”, pondera Drunen.
Entre as inovações que a empresa espera colocar em prática está a de um sistema de compartilhamento de carros elétricos. Bastante utilizados em países da Europa, China e Japão, o modelo brasileiro é inspirado no sistema de aluguel de bicicletas.
Em parceria com a Porto Digital, a Serttel opera desde dezembro de 2014, no Recife, um projeto piloto de compartilhamento de veículos movidos a energia elétrica. Apesar de ainda estar restrito a três estações, na área do Recife Antigo, o serviço está tendo boa aceitação e, em breve, deve ser ampliado para outras áreas da cidade.
Cada estação funciona com um veículo e uma base de alimentação de energia elétrica. Cada carro possui autonomia para rodar 120km com a bateria totalmente carregada, podendo chegar a uma velocidade máxima de até 60 km/h. Drunen esclarece que o funcionamento destes carros é semelhante aos veículos compactos tradicionais nos quesitos de torque e aceleração. As diferenças ficam por conta do ruído do motor, praticamente inexistente, e o tempo de carga da bateria, que em média, dura seis horas.
Os primeiros resultados do projeto implementado no Recife começam a chamar a atenção de outros municípios brasileiros. Curitiba, Porto Alegre e Rio de Janeiro já estão com estudos avançados para colocar um sistema de compartilhamento de carros elétricos em breve. No caso da capital carioca, o sistema seria colocado em prática no ano que vem, dentro das medidas de sustentabilidade dos Jogos Olímpicos de 2016. Mesmo com o sucesso em outros países e o interesse cada vez maior das cidades brasileiras, Drunen salienta que para o Brasil avançar nesta área é necessário que políticas públicas de incentivo e disseminação sejam colocadas em prática.
“Podemos dizer que a aceitação de sistemas como estes estão se mostrando viáveis, os veículos podem se adequar ao serviço, mas que para atingirmos um ponto de equilíbrio e favorecer a viabilidade econômica, será necessário que o pais avance em políticas de incentivo ao uso e disseminação do veículo elétrico. Há muito o que percorrer neste campo, para chegarmos no patamar que estão os países asiáticos e europeus, onde os incentivos são fundamentais para a que os veículos elétricos e consequentemente sistemas de compartilhamento se transforme em realidade, conclui Alberto van Drunen.