O Departamento de Transporte para Londres (TfL) lançou um plano de ação até 2021 que, até o momento, é considerado o único do tipo no mundo. A iniciativa apresenta 10 medidas e parte da premissa de que as ruas, o meio-ambiente e o transporte influenciam no bem-estar dos habitantes, assim, as melhorias realizadas nestes têm a capacidade de melhorar a saúde da população e, portanto, sua qualidade de vida.
Por envolver áreas de impacto na vida urbana, como o transporte e a saúde, o plano foi recentemente selecionado pela Associação Internacional de Transporte Público (UITP) como um dos melhores projetos do ano na categoria Estratégia de Transporte Público.
Em duas de cada três viagens realizadas em transporte público em Londres, a pessoa caminha cerca de cinco minutos, segundo TfL. Assim, uma pessoa adulta pode fazer grande parte da atividade física que necessita em seu translado diário, e o transporte público cumpre com uma das suas maiores funções para a saúde, que é manter os cidadãos fisicamente ativos.
Contudo, para que estas caminhadas se tornem muito mais agradáveis, a capital britânica iniciou um investimento de 4 bilhões de libras esterlinas que procura converter estes lugares em espaços públicos mais atrativos, seguros e verdes para que os pedestres e ciclistas os integrem em seus cotidianos.
Deste modo, pretende-se melhorar a experiência e fazer com que o transporte público continue cumprindo uma das suas funções mais importantes, que é garantir o acesso aos espaços de educação, entretenimento, serviços, aumentando, assim, o bem-estar da população.
No documento oficial do plano estão detalhadas as medidas estratégicas que abordam os impactos do transporte, tanto público quanto privado, na saúde dos londrinos.
Hoje, 38% do dia dos habitantes é gasto em deslocamentos em automóveis (privados e táxis), portanto, uma das metas do plano é desincentivar o uso destes, baixando a cifra para 6%. Para isto, as ações focam em melhorar os espaços públicos com o objetivo de fomentar os deslocamentos sustentáveis, isto é, a pé e em bicicleta.
As políticas para melhorar a saúde através do transporte também são detalhadas no documento. Para isto se considera, entre outros objetivos, melhorar a segurança dos habitantes para que se sintam confortáveis ao se deslocarem pelas ruas, seja caminhando ou em bicicleta, e possam, então, adotar e manter este modo de deslocamento nas suas rotinas diárias.
Outro objetivo é melhorar as oportunidades de transporte, ou seja, ser acessível para pessoas de todas as idades e condições físicas. Um terceiro objetivo consiste em garantir o bem-estar da saúde pública através da redução da sua contribuição à mudança climática.
A falta de atividade física é uma das maiores ameaças para a saúde da população, podendo causar doenças cardíacas, câncer e outras crônicas, como diabetes e depressão. Por esta razão, o plano busca fomentar os deslocamentos sustentáveis em diferentes etapas da vida, já que se considera que uma pessoa de 80 anos pode obter o exercício que necessita diariamente em um deslocamento pela cidade e assim aumentar sua atividade psicológica em até 16%.
Além disso, leva-se em conta que com o ritmo atual que se vive na ruas e suas condições, deve-se reduzir os acidentes do trânsito, o ruído e a contaminação atmosférica. A proposta para este ponto consiste em construir ruas mais saudáveis, isto é, aquelas onde os deslocamentos permitem reduzir os efeitos negativos à saúde e são uma opção muito mais agradável para transitar a pé ou em bicicleta.
Estas ruas foram vistas pelo Departamento de Rodovias de Londres (RTF) como uma opção que beneficia a economia local, o meio-ambiente e a sociedade.
Embora a implementação do plano seja em longo prazo, ele também conta com medidas de curto prazo, das quais algumas já estão sendo aplicadas, como a construção de mais ciclovias e do projeto Crossrail Bikes. Esta proposta foi aprovada em fevereiro e prevê a construção de duas ciclovias de 24 quilômetros de extensão que unirão nove distritos e cruzarão o centro da cidade.
Para conhecer mais detalhes deste plano, clique aqui.
Este artigo foi originalmente publicado em Plataforma Urbana.