Posted: 23 May 2015 07:36 AM PDT
POR VINÍCIUS ABBATE
Edição 187 - Outubro/2009
Antes de começar a apresentar o projeto, é imprescindível fazer uma introdução para destacar, em um breve comentário, o que está sendo planejado pelo escritório. Pactuar desse briefing é fundamental para que cliente e arquiteto aproximem-se da meta a ser atingida. A cada projeto é importante também que seja definido um conceito, ou seja, a linha mestra que vai nortear a mensagem contida no projeto. É uma maneira de garantir unidade ao trabalho que está sendo apresentado. A partir do conceito, é possível apresentar então algumas opções ao projeto, com diferentes soluções estéticas, de forma a atender às necessidades do cliente. "Ao iniciar a apresentação de um projeto, procuro destacar aspectos relevantes do programa de necessidades e do organograma de funções da edificação, e descrever como tais aspectos foram contemplados no projeto", explica o arquiteto Lineu Passeri Junior. A APRESENTAÇÃO DO PROJETO As apresentações devem ter o objetivo de captar a atenção dos participantes desde o início e ter duração de uma hora, em média. A parte falada da apresentação deve ser planejada, de modo que tenha um timing envolvente. "No caso de uma apresentação a um júri ou a um cliente corporativo, a recomendação é ir direto ao assunto e mostrar aquilo que motivou o projeto. Em geral, o uso de jargão profissional é muito ruim, pois banqueiros, diretores de empresas, diretores de hospitais não têm familiaridade com as idiossincrasias dos arquitetos. Uma linguagem simples e direta é o melhor caminho", diz Paulo Bruna, do escritório Paulo Bruna Arquitetos Associados. A apresentação das imagens do projeto pode ser feita por meio de animações, filmes e fotos. A quantidade de imagens deve variar entre quatro e seis, e incluir plantas, cortes, fachadas e quadros de área. Atualmente, quase todos usam o programa Power Point para apresentação de imagens, mas o futuro próximo aponta para tecnologias de novas mídias, com a sofisticação de apresentações em 3D. No escritório Roberto Julião Arquitetura e Urbanismo, uma equipe de oito arquitetos com conhecimentos em programas de criação é que prepara as imagens. O escritório possui sala própria para esse tipo de apresentação, com capacidade para dez pessoas. "Demonstramos o conceito do projeto, chamado projeto conceitual de plantas e cortes. Exibimos ângulos diferentes, com imagens inusitadas e filmes. Brincamos que fazemos um strip-tease do projeto, com imagens de plantas coloridas, para encantar os clientes", conta Renato Siqueira, sócio-diretor do escritório Ricardo Julião Arquitetura e Urbanismo. "Mais do que belíssimas apresentações, é importante que o projeto tenha conteúdo, apresentando uma solução clara e funcional. A apresentação deve servir de suporte para o seu discurso e não o contrário", afirma a arquiteta Daniela Corcuera, do escritório Casa Consciente. "Eu recorro a fotografias e vídeo, quando possível. Bons desenhos (em plantas, cortes e elevações) e boas perspectivas internas e externas (maquetes eletrônicas) são indispensáveis. Uma maquete também é um excelente instrumento, se o orçamento do projeto permitir. Pranchas, somente em concursos", acrescenta Passeri Junior. MODOS DE APRESENTAR Para que uma apresentação não se transforme em um tédio, é interessante oscilar o tom de voz e eventualmente lançar algumas perguntas, ainda que sejam apenas questionamentos, para testar a atenção dos ouvintes. Fazer algumas brincadeiras também é aconselhável para que os participantes relaxem. "Gosto de apresentar uma planta de referência, com o terreno limpo, por exemplo, se for o projeto de uma edificação nova, ou uma planta do arquitetônico existente, se for um projeto de reforma ou interiores. Dessa forma, o cliente consegue comparar o atual com o projeto proposto", diz Daniela Corcuera. É importante ser didático na hora de explicar o projeto, mostrando ilustrações, croquis, maquetes volumétricas e até fazendo mímicas ou "teatralizando" a apresentação. Também é fundamental estar seguro da compreensão das soluções apresentadas, perguntando se há dúvidas, ou mesmo pedindo para o cliente reproduzir o que foi apresentado. Mais uma vez, evite os termos técnicos. Entretanto, pode ser interessante ampliar o repertório de seu cliente, utilizando novos termos, seguidos de uma breve explicação. DOCUMENTAÇÃO DO PROJETO A documentação deve conter as informações necessárias para a compreensão das soluções apresentadas aos clientes, nos seus diferentes estágios (estudo preliminar para o cliente, anteprojeto para projetistas complementares e projeto executivo para os executores da obra). A entrega do material apresentado deve dar condições de pleno entendimento do projeto. "Costumo preparar um caderno em formato A3 ou A2 com toda a documentação apresentada em Power Point (plantas, cortes, elevações, fotos, perspectivas, quadro de áreas e estimativa de custos) para deixar com o cliente após a apresentação", explica Passeri Junior. ENCERRAMENTO As dúvidas e perguntas precisam ser tratadas de forma natural, pois isso representa o interesse do cliente. Assim, se o cliente se mostrar inseguro com a compreensão, o arquiteto deve tentar nova abordagem e não simplesmente repetir o que acabou de expor. As eventuais dúvidas que surgirem também podem ser deixadas para serem discutidas após a apresentação. Além disso, é bastante comum que se organize uma reunião extra para discutir diferentes soluções. "Gosto de finalizar pedindo a opinião do cliente a respeito do projeto, suas impressões, pontos positivos e negativos e, mais importante, se atendeu a sua expectativa", diz Daniela Corcuera. "Costumo encerrar a apresentação com uma estimativa de custos da obra, juntamente com uma série de imagens - maquetes eletrônicas - de diversos ângulos do edifício, oportunidade em que destaco os detalhes técnicos e estéticos mais relevantes do projeto", diz Passeri Junior. As apresentações são bem-sucedidas, fazem parte do planejamento do escritório. Conquistam clientes e garantem projetos. "É um fator essencial para o sucesso do nosso trabalho", diz Roberto Siqueira. Introdução Apresentação do programa de necessidades Apresentação do organograma de funções Apresentação das restrições legais e técnicas Apresentação do partido arquitetônico Localização do empreendimento Na cidade No bairro Na quadra Descrição do entorno Vista aérea (Google Earth) Levantamento fotográfico Vídeo (quando possível) Implantação do edifício Descrição do movimento de terra (se houver) Desenho de implantação (em planta) Um ou dois cortes esquemáticos Descrição do edifício Plantas dos pavimentos com sugestão de mobiliário Cortes do edifício com indicação da escala humana Elevações e fachadas Perspectivas internas e externas (maquete eletrônica) Maquete "de verdade" (quando possível) Dados gerais do empreendimento Quadro de áreas Estimativa de custos Fonte: Lineu Passeri Jr. Fonte: http://au.pini.com.br/ |
terça-feira, 26 de maio de 2015
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