ENSAIO SOBRE O
DESEMPENHO MORFOLÓGICO DOS LUGARES
Tratar do desempenho morfológico dos lugares sugere aceita-los como situações que nos afetam e, assim, nos possibilitam ou não ‘bem-neles-estar’. Sua relevância (e a de seu desempenho) é indiscutível porque nossa vida transcorre em lugares desde o primeiro ninho placentário, sempre envolvidos por tamanhos, proporções, complexidades, cores, texturas e demais peculiaridades da forma de quaisquer abrigos que nos acolham: os fechados e os abertos, os grandes e os pequenos, os públicos e os privados etc. Embora o conceito de lugar se funda e confunda com aquele de espaço, a definição de sua forma deve contribuir à compreensão de seu poder de nos afetar; isto implica buscar por um lado, a natureza de nossos gostos e desgostos de ambientes e, por outro, as características configurativas deles, capazes de nos causar agrado ou aversão quando os frequentamos. No diálogo entre vazios e suas fronteiras, tradutor do que seja morphos espacial, reside imensa quantidade de atributos a estabelecerem outro diálogo, agora com expectativas cotidianas de quaisquer indivíduos quanto ao desempenho de configurações dos lugares.
Expectativas sociais versus atributos morfológicos dos lugares é o fio condutor deste ensaio, que se propõe modestamente contribuir ao debate correlato, mas em especial, àquele que permeia a insólita atividade de projetar frente a progressivos paradoxos conjunturais.
Ele conduziu a abordagem das contradições conceituais que acompanham a história da Arquitetura entrelaçada àquela dos povos, como condição para se formular um possível modus operandi projetual que explicita vínculos entre expectativas sociais e características de configuração espacial. Situados em um campo reflexivo limitado pela incerteza de sua ciência (posto que pertencente às sciences of uncertainty), aqueles que projetam arquiteturas sabem que nossos riscos não são inocentes, mas consequentes.
Os resultados aqui apresentados significam aproximações até agora alcançadas em nosso exercício profissional e, principalmente, docente; por isso, eles são provisórios, abertos às bem-vindas refutações & sugestões capazes de manter em movimento diálogos cada vez mais elucidativos.
Fonte: http://www.fredericodeholanda.com.br
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