"atualmente é raríssima a obra de arquitetura que possa ser chamada de obra de arte.
Simplesmente porque aquele que projeta e pensa não é o mesmo que manipula, não é aquele que faz, que transforma a matéria.
Arte é uma idéia concreta, efetivada no material.
É o momento de encontro entre o humano e o não-humano.
E no material já existe muito de humano.
E dessa união nasce a alegria... O eu criador varia de arte para arte.
O eu da pintura e da escultura é unitário, o eu da arquitetura é coletivo, social, composto do arquiteto e dos produtores.
Por isso, talvez a arquitetura devesse ser a maior e a melhor das artes.
Porque não apareceria mais o ego isolado de cada um de nós, de cada arquiteto, mas sim a subjetividade humana compartilhada.
Uma coisa é criar no escritório e depois mandar fazer.
Outra é escutar as possibilidades advindas de cada equipe de trabalho e promover a colaboração entre parceiros.
O projeto pode e deve estar aberto no momento de sua concepção para uma transformação, uma modificação, pois nenhuma previsão consegue antever todas as possibilidades que surgem no momento da realização.
Daí a necessidade de colaboradores que participem da criação do projeto global e se sintam realmente responsáveis pelo que estão fazendo.
Cada equipe de especialistas atuando com liberdade, responsabilidade e cooperação.
Para nós, arquitetos, o que interessa não é a estética, teoria da percepção do objeto, mas a poética, que é o fazer, o produzir.
Para nós, arquitetos, o que interessa não é a estética, teoria da percepção do objeto, mas a poética, que é o fazer, o produzir.
Então, quando um arquiteto chega na prancheta e começa a querer fazer algo com equilíbrio dinâmico entre as massas e etc., está se comportando como esteta, aquele que vê, e não como poeta, aquele que faz.
Os ensinos no ateliê são estéticos e não poéticos. A produção é abafada, secreta e triturada."
Sergio Ferro
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