quinta-feira, 2 de abril de 2015

Sergio Ferro




"atualmente é raríssima a obra de arquitetura que possa ser chamada de obra de arte. 
Simplesmente porque aquele que projeta e pensa não é o mesmo que manipula, não é aquele que faz, que transforma a matéria.

 Arte é uma idéia concreta, efetivada no material. 
É o momento de encontro entre o humano e o não-humano. 
E no material já existe muito de humano. 
E dessa união nasce a alegria... O eu criador varia de arte para arte. 

O eu da pintura e da escultura é unitário, o eu da arquitetura é coletivo, social, composto do arquiteto e dos produtores. 
Por isso, talvez a arquitetura devesse ser a maior e a melhor das artes. 
Porque não apareceria mais o ego isolado de cada um de nós, de cada arquiteto, mas sim a subjetividade humana compartilhada.
Uma coisa é criar no escritório e depois mandar fazer. 
Outra é escutar as possibilidades advindas de cada equipe de trabalho e promover a colaboração entre parceiros. 

O projeto pode e deve estar aberto no momento de sua concepção para uma transformação, uma modificação, pois nenhuma previsão consegue antever todas as possibilidades que surgem no momento da realização. 
Daí a necessidade de colaboradores que participem da criação do projeto global e se sintam realmente responsáveis pelo que estão fazendo. 
Cada equipe de especialistas atuando com liberdade, responsabilidade e cooperação. 
Para nós, arquitetos, o que interessa não é a estética, teoria da percepção do objeto, mas a poética, que é o fazer, o produzir. 
Então, quando um arquiteto chega na prancheta e começa a querer fazer algo com equilíbrio dinâmico entre as massas e etc., está se comportando como esteta, aquele que vê, e não como poeta, aquele que faz. 
Os ensinos no ateliê são estéticos e não poéticos. A produção é abafada, secreta e triturada."
Sergio Ferro


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