quarta-feira, 1 de abril de 2015

Ocupação Urbana Móvel


bijari, praças (im)possíveis

coletivo bijari cria praças sobre rodas, levando sombra, verde e mobiliário urbano para os espaços públicos áridos de são paulo


ação no vale do anhangabaú

ação no vale do anhangabaú
Praça: lugar público e espaçoso. Bicicleta: velocípede de duas rodas iguais, movido a pedal. Pelas definições do dicionário Michaelis, já se percebe o paradoxo entre as duas coisas – a primeira, um lugar fixo; a segunda, um meio de transporte.  O coletivo Bijari, entretanto, conseguiu unir os dois conceitos em seu novo projeto, Praças (im)possíveis, em exposição na Galeria Choque Cultural de 14 de março a 9 de maio.


ação no vale do anhangabaú



O coletivo, composto por um grupo multidisciplinar que inclui artistas, arquitetos e designers, criou bicicletas que carregam bancos, guarda-sol e floreira. Há ainda guarda-sóis com rodinhas, que também levam vasos. “Criamos uma praça que se desloca até as pessoas, que se configura onde há a necessidade. Interessa a ideia de que a praça não precisa estar em um só lugar. Nos servimos do paradoxo para abrir possibilidades”, explica Geandre Tomazoni, diretor de arte e um dos sócios do Bijari.

A ideia era promover um melhor aproveitamento do espaço público em São Paulo. “Alguns são totalmente despreparados para o convívio. São mais espaços de fluxo e de trânsito do que realmente de estar e ficar”, continua Gustavo Godoy, também sócio do Bijari e diretor de arte. Mas que, com sombra e lugares para sentar, mesmo que improvisados, podem se tornar agradáveis e reunir pessoas. “É uma resistência cultural. O indivíduo pode ser o agente da vida pública, não só expectador. Não estamos apenas recebendo um desenho de uma construtora ou do governo, mas também redesenhando e configurando o espaço”, diz Tomazoni.



Esta ocupação popular espontânea se beneficia do caráter instantâneo do projeto. Basta pedalar para levar a praça para um novo local. “O urbanismo europeu não pode ser o nosso modelo. Temos que reinventar o espaço da nossa maneira, com referencias à arquitetura vernacular, à cultura da performance, ao jeitinho brasileiro de não ser totalmente legal. Não é construído, é improvisado e lúdico”, sugere Maurício Brandão, outro sócio do Bijari e diretor de arte. Segundo o coletivo, no momento, a prefeitura de São Paulo tem se mostrado aberta a essas soluções criativas que partem da própria população. Pelo menos no Largo da Batata, onde o Bijari tem atuação constante, a subprefeitura tem participado com mais escuta e menos proibição.
As bicicletas não serão comercializadas em massa – elas têm o caráter de obra de arte. Foram produzidas apenas três, que poderão ser adquiridas por colecionadores, assim como os 12 guarda-sóis. Mas, mesmo que se tornem propriedade privada, a ideia é que possam ser usadas em conjunto. “Pensamos que eles possam compartilhar com outras pessoas, formando praças ocasionalmente”, explica Paula Oliveira, assistente de produção de arte do Bijari. Independente do futuro das peças, permanece o desejo de uma ocupação urbana independente, que valorize o encontro.
Saiba mais na agenda.


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