sábado, 25 de abril de 2015

Casa com vida




Casa arrumada é assim:

Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas…
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo:
Aqui tem vida…

Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar.

Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.

Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante, passaporte e vela de aniversário, tudo junto…

Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos…
Netos, pros vizinhos…
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia.

Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias…
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela…
E reconhecer nela o seu lugar.


Carlos Drummond de Andrade




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sexta-feira, 24 de abril de 2015

Compatibilização de Projetos


Por Juliana Nakamura
Edição 211 - Outubro/2011




A compatibilização de projetos é fundamental para evitar erros devido a interferências entre projetos das diferentes especialidades e minimizar o retrabalho, reduzindo prazos de projeto e execução, desperdícios e custos. É, também, um dos maiores desafios enfrentados no dia a dia dos escritórios de arquitetura e das empresas construtoras. Do estudo preliminar ao projeto executivo, corrigir as incompatibilidades entre diversos projetos, apontando e propondo as adequações necessárias, é fundamental para evitar problemas posteriores na obra.
Na compatibilização, projetos de diferentes especialidades são sobrepostos de modo que as interferências entre eles sejam detectadas e, assim, resolvidas, normalmente, pelo coordenador de projetos. É função do coordenador, por exemplo, conseguir as informações de todas as especialidades envolvidas para compatibilizar o projeto de arquitetura com os demais, antes de começar a execução da obra. "Também é papel do coordenador acompanhar o desenvolvimento dos projetos complementares com reuniões, troca de e-mails, consultar especialistas e fornecedores, orientar a equipe e dar apoio ao cliente", revela Renato Trussardi Paolini, coordenador de projetos do escritório Aflalo & Gasperini.


COORDENAR E COMPATIBILIZAR


Ana Cristina Ferrari Gualberto, arquiteta da empresa Bolsa de Imóveis Desenvolvimento Imobiliário, explica que a maioria dos coordenadores de projeto atua somente na compatibilização de projetos, abstendo-se, lamentavelmente, da atividade de coordenação de projetos. Isso porque a coordenação, além das funções gerenciais, envolve funções técnicas importantes para a solução de problemas de compatibilização. "Antes da compatibilização deve ocorrer o planejamento e a modelagem do projeto, escopos da coordenação. Esta ação antecipada à compatibilização permite a racionalização das soluções de projeto e assegura a qualidade de todo o processo, até a construção", afirma Ana Cristina.


NO MEIO DO FOGO CRUZADO


Um dos motivos que levam à incompatibilidade nos projetos é a dificuldade de comunicação entre os agentes envolvidos neles. Entre outras dificuldades verificadas na multidisciplinaridade da equipe está o uso de programas conflitantes, layers e nomenclaturas sem padronização, comprometendo a unicidade do projeto com relação às informações e à sua apresentação.
Adriano Luiz Scarabelot, professor de um curso sobre compatibilização de projetos no Crea-Paraná, explica que a falta de uma linguagem comum entre os profissionais gera dificuldades desnecessárias. "O coordenador do projeto perde mais tempo organizando o arquivo e fazendo um trabalho braçal do que checando as interferências", diz o arquiteto e administrador de empresas.
Também são recorrentes os conflitos entre a equipe de arquitetura e os profissionais de projetos de engenharia, sobretudo na área de instalações prediais (elétrica, hidráulica, ar-condicionado e automação). "Os projetistas costumam lançar as áreas técnicas e mecânicas com muito espaço perdido e não imaginam como estudar soluções arquitetônicas para reduzir esses espaços. Em contrapartida, nós, arquitetos, sempre pensamos em estudar melhores soluções eliminando todo espaço perdido para conseguir o maior aproveitamento de área computável e área privativa", exemplifica o arquiteto Renato.
Segundo Adriano, outra causa de incompatibilidade de projetos - e, consequentemente de dor de cabeça para os coordenadores - é a própria metodologia de projeto utilizada em grande parte dos escritórios de arquitetura muito centrada na estética do projeto e que ainda envolve processos individualistas. "É importante que haja uma mudança de postura em relação ao projeto. O arquiteto precisa começar a pensar de maneira simultânea e colaborativa", acredita ele.


TECNOLOGIA AMIGA

Se por um lado a redução dos prazos e o maior número de agentes envolvidos nos projetos dificultam a compatibilização de projetos, por outro, a tecnologia da informação tem ajudado os coordenadores a organizar dados, sobrepor os desenhos de arquitetura aos dos projetos de engenharia e compartilhar informações.
Nesse sentido, uma das ferramentas que vem auxiliando a atuação dos coordenadores de projetos são os extranets, serviços eletrônicos de gerenciamento de projetos que utilizam a infraestrutura da internet. Um exemplo é o Sistema de Armazenamento de Dados de Projetos (SADP), que realiza o armazenamento de dados baseado em protocolos de transferência de arquivos pela internet. Esse tipo de solução permite centralizar todo o trabalho realizado pelos projetistas e consultores. Também possibilita que os participantes do projeto - cliente, arquiteto e projetistas - acessem o sistema a qualquer momento. "O SADP facilita a vida de todo mundo", conta Renato, destacando que uma grande vantagem do sistema é evitar a troca de informações via e-mails.
Com a inclusão de novas tecnologias no processo, como o Building Information Modeling (BIM), algumas tarefas podem ser automatizadas, como a compatibilização de interferências, liberando o coordenador para serviços mais complexos, como controle de cronograma. "Muitas vezes as plantas não são suficientes para um engenheiro compreender a complexidade volumétrica de uma arquitetura. É nesse aspecto que os sistemas 3D podem ajudar", finaliza o professor do Crea-PR.

Para compatibilizar bem



- Atenha-se a uma etapa da compatibilização por vez, sem cobrar informações de etapas futuras antecipadamente dos projetistas e, tampouco, adiar análises que possam gerar retrabalhos
- Os conceitos adotados nos projetos (tipologia de sistema estrutural, sistema de aquecimento, necessidade de gerador etc.) devem estar consolidados entre todos os envolvidos antes do início do trabalho
- Cheque se a arquitetura disponibilizou espaços verticais e horizontais para caminhamento de tubulações e dutos, e se a estrutura respeitou estes espaços não os ocupando
- Verifique se a estrutura previu os furos para passagens de instalações em vigas e lajes de forma a não distorcer a arquitetura com soluções tardias
- Dedique atenção especial à área de instalações prediais e às interações que envolvem o sistema de cobertura e estrutura e as ligações das instalações junto às concessionárias
- Verifique e aprove as adequações efetuadas, mantendo um registro atualizado das mudanças solicitadas e realizadas

Fonte: Ana Cristina Ferrari Gualberto

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Espaços Sacros



Igreja San Josemaría Escrivá / Javier Sordo Madaleno Bringas. Imagem © Fran Parente       
Igreja San Josemaría Escrivá / Javier Sordo Madaleno Bringas. Imagem © Fran Parente

Ainda sob a influência do espírito de Páscoa, apresentamos uma compilação de dez espaços sacros de nosso board de Arquitetura Religiosa no Pinterest. Variando de espaços tradicionais e reverentes a capelas modernas, esses impressionantes lugares de culto são verdadeiramente inspiradores. Veja, a seguir, estas obras sagradas:





CCobertura das Paredes da Antiga Igreja de Baños / BROWNMENESES. Imagem © Sebastián Crespo     
Cobertura das Paredes da Antiga Igreja de Baños / BROWNMENESES. Imagem © Sebastián Crespo

Capela Nanjing Wanjing Garden / AZL Architects
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Capela Nanjing Wanjing Garden / AZL Architects. Imagem © Yao Li 
Capela Nanjing Wanjing Garden / AZL Architects. Imagem © Yao Li

Kirche am Hohenzollernplatz / Fritz Hoger - Fotografia de Fabrice Fouillet




Kirche am Hohenzollernplatz / Fritz Hoger. Imagem © Fabrice Fouillet  
Kirche am Hohenzollernplatz / Fritz Hoger. Imagem © Fabrice Fouillet

Capela Espiral / NAP Architects



Capela Espiral / NAP Architects. Imagem © Koji Fujii / Nacasa & Partners Inc   
Capela Espiral / NAP Architects. Imagem © Koji Fujii / Nacasa & Partners Inc

Igreja Paroquial da Consolação / Vicens + Ramos


Igreja Paroquial da Consolação / Vicens + Ramos. Cortesia de Vicens + Ramos   
Igreja Paroquial da Consolação / Vicens + Ramos. Cortesia de Vicens + Ramos

Padre Rubinos / Elsa Urquijo Arquitectos


Padre Rubinos / Elsa Urquijo Arquitectos. Cortesia de Elsa Urquijo Arquitectos     
Padre Rubinos / Elsa Urquijo Arquitectos. Cortesia de Elsa Urquijo Arquitectos

Capela St Albert the Great / Simpson & Brown


Capela St Albert the Great / Simpson & Brown. Imagem © Chris Humphreys    
Capela St Albert the Great / Simpson & Brown. Imagem © Chris Humphreys

Igreja das 100 Paredes / CAZA


Igreja das 100 Paredes / CAZA. Imagem © Iwan Baan   
 Igreja das 100 Paredes / CAZA. Imagem © Iwan Baan

Igreja de Seed / O Studio Architects


Igreja de Seed / O Studio Architects. Imagem © Iwan Baan    
Igreja de Seed / O Studio Architects. Imagem © Iwan Baan

Santa Rosa de Constitución School and Memorial / LAND Architects

Bishop Edward King Chapel / Niall McLaughlin Architects


 Fonte:Giermann, Holly. "10 impressionantes imagens de espaços sacros" [10 Stunning Images of Sacred Spaces] 12 Apr 2015. ArchDaily Brasil. (Trad. Romullo Baratto) Acessado 12 Abr 2015. http://www.archdaily.com.br/br/765058/10-impressionantes-imagens-de-espacos-sacros

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Urbanismo, Planejamento Urbano e Direito Urbanístico – Caminhos legais para cidades sustentáveis


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A Comissão Especial de Direitos Urbanísticos e Planejamento Urbano da OAB/RS vai lançar, no dia 15 de abril, o livro “Urbanismo, Planejamento Urbano e Direito Urbanístico – Caminhos legais para cidades sustentáveis”. A obra visa fomentar o debate sobre o desenvolvimento urbano sustentável e a importância da implementação de projetos que busquem melhorar a qualidade de vida dos habitantes das grandes cidades.
Como observa o presidente da OAB/RS, Marcelo Machado Betoluci, na apresentação do livro, a obra beneficia “as partes envolvidas, direta e indiretamente, no processo de construção e reconstrução democrática do espaço urbano”.
O livro é composto por artigos de especialistas na área, dentre eles está a presidente do SAERGS, arquiteta e urbanista Andréa dos Santos. No texto “O desenvolvimento das cidades, planejamento e sustentabilidade: o arquiteto e urbanista neste contexto”, a presidente busca refletir sobre o planejamento urbano das cidades, como estrutura do ponto de vista da legislação e com a incorporação de variáveis que buscam a sustentabilidade das cidades, fazendo uma ligação com os projetos urbanos e o que tais projetos podem representar através da atuação dos arquitetos e urbanistas, no processo de construção das cidades de forma equilibrada e igualitária.
Outros nomes também assinam artigos na publicação, como a advogada e presidente da comissão Elaine Adelina Pagani, o presidente do CAU/RS, arquiteto e urbanista Roberto Py, a arquiteta e urbanista Karla Moroso, pesquisadora do Centro de Direitos Econômicos e Sociais (CDES), além de professores de universidades e pesquisadores da área.

Fonte: http://saergs.org.br/blog/2015/04/01/comissao-especial-da-oabrs-lancara-livro-sobre-o-desenvolvimento-urbano-sustentavel/

terça-feira, 21 de abril de 2015

Mies Van der Rohe



© Chicago History Museum: HB-8506-K4. Cortesía de www.900910.com     
© Chicago History Museum: HB-8506-K4. Cortesía de www.900910.com

"(...) Pessoalmente, gosto de ter limites. Penso que para os que têm poucas habilidades seria muita liberdade. Quando se tem menos limites deve-se tomar mais cuidado. (...)"

Celebramos hoje o 129° aniversário de um dos mestres da arquitetura moderna, Ludwig Mies van der Rohe. Nascido na Alemanha, já aos 14 anos de idade começara a se envolver com a oficina de esculturas de pedra de seu pai. Em 1905 mudou-se para Berlim para colaborar com Bruno Paul e Peter Behrens, onde conheceu Walter Gropius e Le Corbusier. O encontro com estes arquitetos guiou Mies ao uso de técnicas estruturais avançadas e pureza no desenho de suas futuras obras. Em 1912 abriu seu próprio escritório de arquitetura.
Mais informações a seguir.


© Usuario de Flickr: Greg Robbins     
© Usuario de Flickr: Greg Robbins

Editor da famosa Revista G, junto a personagens chaves do Neoplasticismo como van Doesburg e Lissitzky, Mies foi muito influenciado pelos novos conceitos vanguardistas de ortogonalidade, abstração e fluidez espacial.



© Flickr: usuario- Gándolas    
© Flickr: usuario- Gándolas

Além de ter construído obras como a Casa Urbig (1917) e o edifício Afrikanischestrasse (1927), em 1929 recebe o projeto mais emblemático de sua carreira, o Pavilhão Nacional da Alemanha para a Exposição Internacional de Barcelona, onde alcançou a máxima expressão de seu estilo. Logo após ter dirigido a Bauhaus até 1933, assumiu a faculdade de arquitetura do Illinois Technology Institute em Chicago, a qual viria a remodelar, tornando-se mais uma de suas importantes obras.

Outras de suas obras foram a Casa Farnsworth, concluída em 1950, o Edifício IBM, de 1973, a Neue National Gallery de Berlim, o Seagram Building em Nova Iorque, o Parque Lafayette, o Centro Federal de Chicago, a Villa Tugendhat, de 1930, dentre muitas outras que serviram e servem de inspiração para arquitetos e estudantes em todo o mundo.


© Jamie Schafer  
© Jamie Schafer

Mies, um arquiteto vanguardista, obcecado pela simplicidade, pelos detalhes e pela elegância da arquitetura, nos deixou em 1969.



© Garrett Rock   
© Garrett Rock
Mais sobre Mies van der Rohe aqui.

Fonte:
Uribe, Begoña. "Em foco: Mies van der Rohe" [En perspectiva: Mies van der Rohe] 27 Mar 2014. ArchDaily Brasil. (Trad. Romullo Baratto) Acessado 2 Abr 2015. http://www.archdaily.com.br/br/01-185940/feliz-aniversario-mies-van-der-rohe

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Fernanda Torres





O Rio de Janeiro está em obras. Do Centro à Zona Oeste, da Zona Sul à Zona Norte, Eduardo Paes — numa fúria comparável à de Pereira Passos — começou implodindo a lamentável passarela de Ipanema e, depois, não parou mais.
O prefeito implantou os BRTs, demoliu a perimetral, reformou o Elevado do Joá, abriu túneis, acabou com a Help, ergueu museus, inaugurou um parque em Madureira e revirou escombros do Leme ao Pontal.
O futuro promissor do país e a tão sonhada Olimpíada nos encheram de coragem para avançar nas reformas. Era, e é, um desejo coletivo, tanto que os cariocas têm encarado com galhardia o nó no trânsito, os bairros interditados e os tapumes da cidade.
No dia da inauguração do Túnel Rio 450, eu estava presa em mais um dos muitos engarrafamentos, quando ouvi na CBN a reportagem sobre a festa. O locutor  explicava que o túnel é parte de um projeto maior,  que incluía a Via Binário, o mergulhão da Praça XV, outro túnel no sentido oposto e mais uma série de intervenções na Zona Portuária do Rio.
Entregue às glórias do positivismo urbanístico, quase não dei trela ao diabinho insidioso que me sussurrou ao ouvido: “E se o dinheiro secar?”. Gelei. Naquela manhã, as manchetes de jornal decretavam o fim do PAC e o agravamento da crise. O arrocho financeiro da União fecharia as torneiras para os estados.
“E se tudo ficar pela metade?”, continuou o demo. “Põ–em—se abaixo os tapumes? Fecham-se os buracos com passarelas? Reformulam-se os planos de Napoleão?”
Não desejo ser alarmista, mas é que o desgraçado do demônio levantou a lebre, e ela, agora, não para de dar saltos triplos na cabeça. Fora o parque esportivo para receber os Jogos, o Rio tem de terminar o que começou. Não dá mais para voltar atrás.
Mauro Rasi, o saudoso autor de teatro, fez um pé de meia com o sucesso de Pérola. Na peça, Vera Holtz fazia o papel da mãe do Mauro, num retrato impagável de uma matriarca classe média de Bauru. Com o dinheiro, Mauro comprou uma cobertura na Delfim Moreira e mandou botar abaixo. Naquela época, teatro ainda dava dividendos e o metro quadrado do Leblon não havia alcançado preços estratosféricos.
Os banheiros ele revestiu de mármore, um de cada cor, o chão, de madeira nobre, tudo do bom e do melhor, até que o arquiteto o convenceu a trocar o azulejo branco da piscina, que nunca havia dado defeito, por vidrotil. O resultado foi um vazamento crônico que minou o 1º andar do imóvel recém-reformado. A carreira de Pérola chegou ao fim e Mauro acabou seus dias entre plástico e andaimes, condenado a viver numa obra inacabada que mais parecia uma instalação do Rauschenberg.
Se tivesse sobrevivido à hecatombe, com certeza, teria escrito uma peça, mais uma, das tantas biografias inesquecíveis que compôs pela vida.
Conto com o empenho dos governantes. Não sei quanto dependemos das benesses do Planalto, do boom imobiliário ou dos royalties de petróleo. Sou solidária na luta para que o Rio não tenha a mesma sorte do genial autor.

http://vejario.abril.com.br/blog/fernanda-torres/

Contratos


POR THIAGO OLIVEIRA



Cliente e escritório de arquitetura negociam as condições de um trabalho. Definidos os parâmetros, é hora de formalizar o conteúdo da conversa em um contrato de prestação de serviços. Tudo deve estar lá, em linguagem limpa e acessível: descrição de prazos, pagamentos, obrigações das partes, penalidades por eventuais descumprimentos de cláusulas acordados. Muito mais do que mera garantia jurídica, o contrato profissionaliza a atividade do arquiteto. Também funciona como uma espécie de roteiro: os envolvidos podem recorrer ao documento para checar o andamento do projeto, conferir os itens que faltam até a conclusão. Acompanhe os tópicos principais que devem constar em todo contrato.

Qualificação das partes
São apresentadas as figuras relacionadas ao negócio - contratado e contratante -, com descrição completa dos respectivos nomes, endereços, números de CNPJ e Inscrições Estaduais. No caso de pessoas físicas, citam-se números de CPF, nacionalidade, estado civil e número de registro profissional. Podem-se incluir ainda telefones de contato.


Objeto
Este é um ponto crucial do documento, onde se estabelece a atribuição do arquiteto. Segundo a advogada Rita de Cássia Martinelli, consultora jurídica do Sasp (Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo) é fundamental que haja o maior detalhamento possível do trabalho a ser executado - inclusive com endereço e metragem do imóvel. "Tem que especificar isso porque, se uma casa tinha 200 m² e no meio do caminho o cliente resolve aumentar para 300 ou 400 m², será preciso renegociar o pagamento do arquiteto", observa. Na Urdi Arquitetura, de São Paulo, a prática é tentar fechar um escopo de trabalho inicial, de maneira que acréscimos de serviço sejam passíveis de contabilização. "Pode estourar um pouco; o importante é que cinco visitas técnicas previstas não se transformem em 50", explica o sócio do escritório, Alberto Ferreira Barbour. "Demoramos um pouco para chegar numa linguagem contratual que contemplasse esse tipo de flexibilidade", afirma.


Contratos separados
Rita Martinelli recomenda que sejam feitos contratos separados caso o arquiteto vá desempenhar, além da função de autor do projeto, também o papel de responsável técnico da obra. A orientação está relacionada à possibilidade de o cliente, durante o trâmite de aprovação do projeto na prefeitura, iniciar a obra sem o consentimento do profissional. "Esse tipo de problema não existia, mas só em 2008 aconteceram dois casos no sindicato", alerta a consultora do Sasp. Em uma das situações, conta que o arquiteto foi multado em mais de 200 mil reais. Aconteceu no bairro da Lapa, em São Paulo: enquanto o projeto era analisado na prefeitura, o cliente construiu a toque de caixa todo o empreendimento, sem respeitar o projeto e sem comunicar o profissional. "O arquiteto levou a culpa, porque na prefeitura constava como responsável técnico, presumia-se que estava fazendo a obra - o que não era verdade" descreve Rita.


Prazos
A prática corrente no mercado é que o prazo para entrega da primeira etapa de um projeto de arquitetura (estudo preliminar) tenha como base a data de assinatura do contrato. A liberação da etapa seguinte (entrada do projeto na prefeitura) é calculada a partir da entrega do estudo preliminar, procedendo-se nessa ordem esquemática com as etapas posteriores (anteprojeto, projeto executivo). O intervalo de tempo entre cada fase depende de acertos prévios com o cliente. "É o item mais delicado de se negociar", acredita Barbour, da Urdi. "Às vezes o cliente tem uma imagem de processo de trabalho que está mais adequada a um desejo do que à realidade. Mas depois que damos o primeiro feedback e ele leva uma semana só para pensar no assunto, passa a entender que o prazo que colocamos não tem folga nenhuma." O arquiteto completa que o importante é manter a equivalência entre prazo e escopo.


Medidas preventivas 1
Se couber ao arquiteto também o acompanhamento da obra, vale estabelecer uma nota segundo a qual a construção só deve ter início depois que o cliente, por escrito, der um aval de aprovação definitiva do projeto. Isso porque mudanças no projeto no meio da obra podem afetar a data de entrega do empreendimento. "Quando se está discutindo amigavelmente, não tem problema. Mas, se acontece uma briga, a primeira coisa que o cliente vai dizer é que o arquiteto não cumpriu o prazo da obra", lembra a advogada Rita Martinelli. "O contratante pode ir à justiça contra o profissional cobrar todos os prejuízos comerciais que teve em decorrência do atraso." Nesse sentido, outra medida preventiva é incluir no contrato uma cláusula isentando o arquiteto de atrasos no cronograma ocasionados por falta de material - caso as compras sejam incumbência do cliente.


Medidas preventivas 2
Ainda no campo das ações para evitar dores de cabeça com o serviço, deve-se solicitar um recibo a cada fase entregue do projeto, com descrição de quantos dias o material ficará sob análise do contratante - sempre com o objetivo de o arquiteto se proteger de agentes alheios que possam afetar seu prazo. No contrato em si, é importante adicionar uma cláusula que oriente o contratante a entrar em contato com o arquiteto imediatamente, caso surjam patologias de qualquer espécie na obra. Assim, sem que haja interferência de estranhos no projeto, o profissional pode trabalhar melhor na solução do problema.


Pagamento
O pagamento ao profissional liberal ou escritório de arquitetura habitualmente fica condicionado às entregas das várias etapas do serviço, seja apenas o projeto ou a obra finalizada. "Costuma-se estabelecer 30% dos honorários no início das atividades, e o restante fica dividido ao longo do trabalho, sempre com um saldo remanescente ao final", explica a consultora do Sasp. Nesse tópico, é indicado acrescentar uma cláusula salientando que taxas de registros, fotocópias e outros custos administrativos não estão inclusos nos honorários.


Cláusula penal
Aqui se define a multa pelo descumprimento de qualquer item firmado no contrato. O percentual de praxe é de 20% sobre o valor do serviço. É um aspecto essencial para proteger e assegurar os envolvidos no negócio. "Algumas pessoas ficam constrangidas de firmarem um contrato. Quando resolvem fazer, não incluem esse item de penalidades", relata o arquiteto Alberto Barbour. "Aí a coisa perde o sentido. Fica um contrato intermediário, quase um relatório do que foi negociado -, não é efetivamente um contrato."


Testemunhas
Ao final do documento, a assinatura de duas testemunhas valida o objeto como título executivo. Ou seja: fica apto a ser diretamente executado na justiça, se necessário.


Proposta não é contrato
Um equívoco muito comum entre os arquitetos, segundo a advogada Rita Martinelli, é confundirem proposta de trabalho com contrato. Numa conjuntura de processo judicial, ela esclarece que a proposta serviria, no máximo, como indício de prova - tal como dezenas de outros materiais, entre emails, depósitos em conta corrente e etc. "Muitas vezes as propostas não são nem assinadas. O processo para cobrar algo na justiça é infinitamente pior dessa forma", assinala Rita, e reforça: "Depois de tudo acertado com o cliente, mesmo que ele tenha aceitado a proposta, aquilo tem que ser formalizado em um contrato que expresse a vontade das duas partes".


Início sem contrato
Nos atendimentos jurídicos que presta no Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo, a advogada diz serem freqüentes casos de arquitetos que conversaram com o cliente, passaram dias montando um estudo preliminar e, afinal, viram seu trabalho ser negado. "Ocorre até de a pessoa se aproveitar da idéia do arquiteto", afirma Rita. A instrução é elementar: não dar início a nenhuma atividade efetiva antes da assinatura do contrato.


Responsabilidade implícita
Existem situações que, por serem óbvias e subentendidas, não precisam constar no instrumento. É o caso da responsabilização do arquiteto por todos os aspectos técnicos do empreendimento. Trata-se de um quesito intrínseco à profissão e que justifica sua presença nos planos da obra. "Quanto a isso, o contrato não pode estabelecer nada. Se bem que eu já vi casos absurdos em que o arquiteto procurava se isentar de eventuais problemas técnicos", revela Rita Martinelli.


Outros contratos
Em resumo, todos os contratos de prestação de serviços obedecem ao padrão descrito, abarcando essencialmente os itens qualificação, objeto, prazo, pagamento e cláusula penal. A distinção entre um contrato para projeto de arquitetura ou qualquer outro projeto complementar, por exemplo, ficará explícita na descrição minuciosa do objeto. "O espírito tem que ser exatamente o mesmo, esteja o escritório de arquitetura contratando ou sendo contratado: que o contrato consiga transparecer tudo o que foi combinado, e que o combinado seja factível para os dois lados", finaliza Alberto Barbour, sócio da Urdi.

Confira aqui diferentes modelos de contratos sugeridos por entidades como IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil), Sindarq-PR (Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas no Estado do Paraná) e Sasp (Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo)

Modelo de contrato - IAB


Modelo de contrato - SASP


Modelo de contrato - Sem autoria


Modelo de contrato - Sindarq-PR


Fonte: http://au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/170/artigo87270-2.aspx

sábado, 18 de abril de 2015

Paris implementa medida que diminui pela metade o número de automóveis em circulação


"Le périphérique": anél viário que circunda grande parte do município de Paris. ImageFotografia: François Mori, via Le Monde    
"Le périphérique": anél viário que circunda grande parte do município de Paris. ImageFotografia: François Mori, via Le Monde

Após alguns dias de negociação, as autoridades parisienses decidiram implementar a circulação alternada de veículos na capital francesa, medida que entrou em vigor nesta segunda-feira, 23 de março, reduzindo pela metade o numero de carros em circulação nacidade.
A decisão foi tomada após o Airparif, observatório da qualidade do ar na região de Île-de-France, ter apontado um nível de partículas finas (PM10) por metro cúbico de ar acima do limite aceitável – que é de 50 microgramas – na região parisiense.
O princípio da estratégia é bastante simples: os veículos leves (carros e motos particulares) com placas ímpares só podem circular nos dias ímpares. Aqueles com placas pares, por sua vez, circulam apenas em dias pares.
Esta é a segunda medida restritiva a automóveis que entra em vigor nas últimas semanas. Dia 18 deste mês as autoridades limitaram a velocidade dos veículos a 20 quilômetros por hora.


Torre Eiffel durante pico de poluição atmosférica. ImageVia Brasil Post  
  Torre Eiffel durante pico de poluição atmosférica. ImageVia Brasil Post

Para garantir que a medida seja respeitada, a prefeitura estabeleceu algumas ações que incentivam o uso do transporte público para todos, não apenas aqueles cujos carros estejam proibidos de circular. Entre estas ações estão: uma hora de Autolib gratuita para os bilhetes de um dia de duração; uso gratuito da Vélib’ (sistema público de bicicletas de aluguel); estacionamento gratuito para os veículos impedidos de trafegar; e gratuidade em todos os transportes de massa (metrô, ônibus, bonde e RER) nas zonas onde a nova medida restritiva se aplica.


Vélib’ - Sistema público de aluguel de bicicletas de Paris   
 Vélib’ - Sistema público de aluguel de bicicletas de Paris

Além disso, cerca de mil policiais foram colocados nas ruas para impedir infrações. As multas são de 22 euros se o infrator deixar imediatamente de conduzir e 35 euros se ele for novamente autuado. A nova medida não é aplicada a veículos “limpos” (elétricos, híbridos ou a gás) nem a veículos com três ou mais passageiros.
Referência: Le Monde e Brasil Post


 Fonte:Romullo Baratto. "Paris implementa medida que diminui pela metade o número de automóveis em circulação" 27 Mar 2015. ArchDaily Brasil. Acessado 28 Mar 2015http://www.archdaily.com.br/br/764494/paris-implementa-medida-que-diminui-pela-metade-o-numero-de-automoveis-em-circulacao

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Filme "Divergente"



Dentro do cinema atual existe uma febre pela adaptação de sagas literárias juvenis. "Divergente" faz parte deste âmbito para criar uma série de filmes cada vez mais rentáveis economicamente. A recorrente comparação com "Jogos Vorazes" diminuiu sua originalidade devido a similaridade do seu argumento, entretanto, ambos apresentam características próprias que os tornam únicos e oferecem panoramas muito diferentes quanto seu desenvolvimento. Particularmente, "Divergente" mostra um contexto mais palpável e completo, que nos permite analisá-lo a fundo.



A trama nos situa em uma realidade daqui a cem anos. Diferentemente das realidades altamente tecnológicas ou apocalípticas que a ficção científica geralmente representa, vemos uma cidade de Chicago congelada no tempo. Seu skyline se mantém firme sobre o horizonte, e nele, vemos os estragos de um conflito marcado na sua estrutura como se fosse uma radiografia. Os caminhos foram destruídos e o grande lago Michigan foi substituído por um deserto que rodeia a cidade até perder-se no horizonte.



Isolada do resto do mundo, observamos uma cidade pós-moderna, que tanto por necessidade como por ideologias tornou-se sustentável com seu entorno, cumprindo com sonhos utópicos do século XX. Seu céu está cheio de contaminação e suas ruas livres de veículos. A dependência em relação aos combustíveis fosseis foi substituída graças as inúmeras turbinas conectadas aos arranha céus.



cidade moderna, a cidade das máquinas tornaram-se uma lembrança de tempos caóticos e conflitivos. Na nova cidade, mais compacta e humana, move-se a pé ou utilizando o trem que cruza, sem paradas, a cidade. As ruas transbordam de vitalidade conforme as pessoas recuperam o pertencimento do espaço público. A rua converte-se em um espaço de comunicação, de recreação, um lugar seguro para caminhar e desfrutar da vida em sociedade.



Porém, para criar tal utopia, a sociedade viu serem eliminadas certas liberdades individuais em busca de um bem comum. Evitando os males que levam a conflitos, as pessoas são classificadas dentro de facções, as quais através de um determinismo genético procuram explorar as qualidades individuais em um estilo de vida predeterminado. Não há liberdade de rumo além de uma única etapa na vida.



Atualmente, esta classificação pode ser vista como uma prisão silenciosa da personalidade, entretanto, na nossa realidade, este tipo de situação já acontece. Nosso próprio sistema procura encarcerar-nos dentro de escritórios, de carreiras técnicas ou graduações, nos especializando a ponto de não saber desempenhar ou explorar outras qualidades ou interesses pessoais.



Conforme a trama segue, vemos a fragilidade do sistema para manter o controle. Cansados de um governo pacífico que não consegue controlar sua população, os eruditos desenvolvem um novo sistema que elimina as impurezas do ser humano através da supressão total dapersonalidade humana. Sua visão sobre a sociedade é desumana e as pessoas não são mais do que engrenagens dentro de um mecanismo maior.



A racionalidade cria um retrocesso até a modernidade. Incapazes de compreender a ambivalência do ser humano, a sociedade aplaude características como a eficiência ou o rendimento acadêmico, deixando como secundários ou depreciáveis a sensibilidade criativa e o desenvolvimento emocional. O filme, neste aspecto, não é uma advertência ao futuro, mas sim ao presente da nossa sociedade, que tende à robotização e cuja liberdade é um véu opaco nos olhos da sua população.



CENAS CHAVE

1. Congelada no Tempo
Cem anos após um grave conflito mundial, Chicago mantém seu icônico skyline intacto ao isolar-se do resto do mundo. O grande lago Michigan secou e converteu-se em um deserto.



2. Autópsia de um Conflito
Grande parte da cidade apresenta danos severos que refletem o resultado das guerras passadas e a impossibilidade tecnológica da sociedade atual em reconstruí-la.


3. Medo e Desconhecimento do Exterior
Para proteger-se dos perigos além do seu território, uma grande muralha elétrica rodeia acidade. Mas, ao mesmo tempo que isola a população do perigo, a mantém incomunicável e vulnerável.



4. A Nova Escala da Cidade
A vida já não acontece na altura dos arranha céus, arqueologia de épocas passadas, mas sim no solo. A escala da cidade é humana, compacta e caminhável.



5. A Cidade do Vento
Para satisfazer suas necessidades energéticas, a cidade aproveita os fortes ventos característicos da sua região através de turbinas acopladas sobre os arranha céus abandonados. 



6. Realidade Pós-moderna / Cidade Sustentável
Como única forma de sobreviver, a cidade abandona os paradigmas da modernidade, incluindo o uso indiscriminado do veículo automotor, que é destinado somente a tarefas específicas.



7. A Nova Cara do Sistema Viário

Desaparecido o veículo automotor, as ruas parecem amplas e desobstruídas. Livres, convertem-se em transitáveis para toda a população que goza de tranquilidade e ar puro na vida diária.



8. A Cidade como Espaço Lúdico
Livre de automóveis, a cidade converte-se em um grande espaço público, cujas velhas estruturas cobram uma nova escala mais lúdica e estão a serviço dos seus habitantes para desenvolver-se.



9. Transportes Humanizantes
A Chicago de hoje em dia possui fortes políticas em prol da bicicleta e transportes coletivos, o que se reflete no trem, limpo e silencioso, que percorre a cidade no filme.



10. Sociedade Progressista porém Determinista
A sociedade dentro do filme luta por eliminar os males da sociedade atual, mas mostra uma obsessão em classificar seus cidadãos segundo suas capacidades inerentes em sua genética.



11. Chicago, a Cidade-Estado
Buscando a ordem, o governo imita os modelos da sociedade clássica, o que reflete-se na estética da sua arquitetura. A sala de eleições está baseada no arquétipo do teatro grego.



12. A Arquitetura do Interior
Antes da cerimônia, a protagonista recebe um diagnóstico para conhecer a si mesma. A sala dos espelhos simboliza o caráter fractal e intrincado da personalidade humana.



13. Cordialidade / Autossuficiência e Harmonia
Aqueles dedicados ao campo, advogam por uma sociedade livre e pacífica. Sua estética é colorida e lembra muito o movimento Hippie. São artistas extrovertidos que defendem a neutralidade.



14. Verdade / Justiça e Honestidade
Ensinam a lei dentro da cidade. Vestem-se de branco e preto, o caráter dual da justiça. Sua arquitetura faz referência a cultura clássica de onde nasceram seus princípios ideológicos.



15. Erudição / Inteligência e Tecnologia
São os científicos e técnicos da cidade. Têm sede de conhecimento e costumam ser orgulhosos. Refugiam-se em estruturas de um grande desdobramento construtivo da época passada.



16. Livraria The Joe and Rika Mansueto
A bela biblioteca é utilizada como quartel principal de Erudição. Moderna e limpa, sua estrutura de alta tecnologia confere um caráter espacial icônico dentro da cidade real.



17. Ousadia / Valentia e Militarismo

São a polícia e milícia da cidade. Sua estética é rebelde, de roupa negra e justa. Habitam na velha zona industrial da cidade, com especial localização dentro de uma gruta mineira.



18. Ambientação Opressiva e Industrial
Treinados como soldados, seus quartéis precisam de adornos, são frios e desumanizantes, onde predomina o concreto e aço. São comunitários e não há distinção alguma de sexo.



19. A Perda do Desenvolvimento Industrializado
A nova sociedade, ainda que sustentável, é incapaz de recuperar o desenvolvimento do passado. A grande sala de jantar é um antigo tanque de água reciclado.



20. Fortes e valentes, porém cruéis e sem piedade
Antigas fábricas abrigam a área de treinamento onde os ousados combatem. Dentro de um sistema cruel, não há lugar para os fracos, é uma sociedade predatória. 



21. Renúncia / Generosidade e Autossacrifício
À frente do governo, devido seu caráter altruísta. Vestem-se de cinza, escondendo sua figura e qualquer rastro de vaidade. Sua arquitetura é monolítica, sem revestimento ou adorno estético.



22. Arquitetura Atemporal e Sem História
Negando toda estética, seu habitat se desprende do resto da cidade reciclando velhos materiais. Possuem um só tipo de moradia que apenas satisfaz as necessidades básicas.



23. O Governo do Imaterial
O modo de vida de renúncia lembra os antigos conventos cristãos. Mesmo carentes de religião, é possível perceber neles a busca por uma força transcendental.



24. Sem Facção / Marginalizados do Sistema
São aqueles que fracassaram em integrar-se com o sistema ou refugiados do exterior. Destinados a ser mão-de-obra barata, vestem-se como indigentes em áreas abandonadas nacidade.



FICHA TÉCNICA
Data de Estreia: 20 de março 2014
Duração: 139 min.
Gênero: Ação / Ficção Científica
Diretor: Neil Burger
Roteiro: Evan Daugherty / Vanessa Taylor
Fotografia: Alwin H. Kuchler
Adaptação: Divergente livro, Veronica Roth

SINOPSE
Em um futuro incerto, a humanidade tem estado a beira da extinção devido a uma série de guerras. Chicago é uma das poucas cidades em pé, onde a sociedade dividiu-se em cinco facções cujo propósito é erradicar os males que levam aos conflito.
Beatrice Prior, nos seus 16 anos, deve escolher a qual facção pertencerá pelo resto da sua vida, dividida entre sua família e seus desejos mais reprimidos. Tal situação se complica quando, nas provas preliminares, sua personalidade não pode ser rotulada e por tanto se torna uma ameaça latente para o sistema estabelecido.


  Veja o trailer oficial:



Fonte:Altamirano, Rafael. "Cinema e Arquitetura: "Divergente"" [Cine y Arquitectura: "Divergente"] 27 Mar 2015.ArchDaily Brasil. (Trad. Camilla Sbeghen) Acessado 28 Mar2015.  http://www.archdaily.com.br/br/764317/cinema-e-arquitetura-divergente